A ceia do Senhor

25/12/2011 14:20

A SEGUNDA ORDENANÇA:
A CEIA DO SENHOR JESUS (MATEUS 26:26-30)

“Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha” (1 Co 11:26).

Uma das celebrações mais significativas da igreja de Cristo é a Ceia do Senhor. Através dos séculos em pequenas e grandes congregações, em pequenos e grandes templos, a ceia tem sido celebrada com alegria e fé pelo povo de Deus. É que a mesma dramatiza de forma perfeita o amor de Deus e a comunhão dos santos, resultantes da redenção realizada no calvário por Jesus Cristo (Mateus 26.26-30). É preciso que se enfatize desde já, o seguinte: as ordenanças de Jesus Cristo são ordenanças de Sua igreja! Mas, o que é, afinal, uma Ordenança? É um ato simbólico ordenado por Jesus, o Cristo, para observação contínua, até que venha (1 Cor 11. 26), como testemunha das verdades centrais do evangelho e, cuja celebração representa um fator constitutivo da igreja (John Landers. Teologia dos princípios batistas. p., 105). No entanto, antes de definirmos a forma e o sentido, analisemos o significado da palavra ‘ordenança’. Literalmente, uma “ordenança é um símbolo, isto é, ela concretiza uma idéia abstrata”. E, portanto, se propõe traduzir a realidade que simboliza! Assim, a ceia representa por meio de seus elementos - o pão e o vinho -, respectivamente, o corpo e o sangue de Jesus Cristo, o Senhor (Mt 26.26-30).

É necessário destacar que, historicamente, o sentido e a forma de celebrar a ceia tem sido diverso entre os cristãos. Há os que defendem a ceia ultra-restritra, outros restrita e, ainda aberta ou livre. Os batistas no Brasil, em grande parte, têm adotado a forma restrita na celebração da ceia do Senhor. John Landers, diz: “Durante a idade média, o sacramentalismo levou ao dogma católico romano da transubstanciação, segundo o qual os elementos da ceia, durante a missa, se transformam, literalmente, no corpo e no sangue de Jesus Cristo. Porém, os reformadores no Século XVI, rejeitaram a doutrina da transubstanciação, mas discordavam entre si e, no geral defendiam a idéia da consubstanciação, conforme Calvino”. Os Batistas, entretanto, concordam com Zwinglio, o reformador de Zurique, que rejeitou o literalismo de Martinho Lutero e Calvino e, afirmou que as palavras “isto é o meu corpo” indicavam: “isto simboliza o meu corpo”, ou seja, a “presença real de Cristo”, mediante o Espírito Santo na vida da igreja (ibid. Op. Cit. p. 111).

Portanto, os batistas concordam com a posição de Zwinglio, por entender que ela se adéqua melhor ao sentido do texto bíblico, isto é, trata-se de um “ato simbólico, memorial’, congregacional. Desse modo entendem que, principalmente, esta posição enquadra-se melhor ao ensino do Senhor Jesus e dos Apóstolos. E, neste sentido, repito: trata-se de um ato memorial e simbólico, vinculado a Igreja local. Assim, mesmo respeitando os que pensam diversamente, não dá para entender a celebração da ceia do Senhor em lares, senão como um resquício da idéia sacramentalista pertinente ao catolicismo romano. É evidente que, quanto ao passado, a ceia relembra a ‘última ceia de Jesus’ com seus discípulos e o sacrifício de seu corpo e sangue na cruz do calvário para redenção da humanidade. E, em relação ao futuro, “anunciamos a morte do Senhor até que ele venha” (1 Co 11.26). Mas, o aspecto mais polêmico é o sentido presente. Assim, pergunta-se: em qual sentido é correto dizer que Jesus está presente na ceia do Senhor? Diz o Senhor: “isto é o meu corpo” (1 Co 11.23-26). Os batistas entendemos que o sentido é espiritual e, ainda que os elementos da ceia traduzem, o seu mais profundo significado, na comunhão com os irmãos e com o Senhor Jesus Cristo. Sim, o Senhor Jesus está presente mediante o Espírito Santo que habita na vida de seus filhos, de todos os salvos pelo poder de Deus.

Em termos teológicos a ceia relembra e desafia a igreja. Na realidade, a igreja é, ao mesmo tempo, responsável por guardar os princípios de sua forma e sentido, e, também de anunciar ao mundo os efeitos do ato redentor do calvário realizado por Jesus. Ao celebrar a ceia do Senhor a igreja anuncia, dentre outras coisas: o pleno cumprimento do plano de Deus para salvar a humanidade; a redenção dos que crêem e se tornam participes da vida de Jesus Cristo; a comunhão com Deus e com os irmãos em Cristo; a bendita esperança de que breve o Senhor Jesus virá. Portanto, a ceia sintetiza a mensagem do evangelho da redenção eterna através de Jesus, o Salvador e Senhor.

Na ceia Cristo está presente, pois vive na sua igreja, ou seja, por meio da vida dos seus servos. A sua presença pode ser percebida na doce comunhão que temos uns com outros no dia-a-dia da vida cristã. A sua presença pode ser observada no amor e na ação evangelizadora da igreja. A sua presença pode ser sentida em cada ato de misericórdia e compaixão da igreja para com todos os homens. É extremamente significativo que o próprio Senhor traduza isto como sendo em e para sua igreja “a comunhão em seu corpo e sangue”, através do Espírito Santo que habita em todos os salvos pela graça de Deus.

Portanto, que benção é pertencer a Cristo e, vivenciar de forma antecipada, as bênçãos da vida eterna reservada a todos os salvos. Sim, reservadas para todos os que estarão diante do cordeiro de Deus no banquete celestial, pois assim diz o Senhor: “e, quando comiam, Jesus tomou o pão, e dando graças, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho dizendo: bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até àquele dia em que o beba de novo convosco no reino de meu pai” (Mt 26.26-29). Amém. 

Antonio Sérgio de A Costa, Th. D.

prasergioc@prasergiocosta.com.br
Pastor da Igreja Batista Bethléem

Revisado por: Pr.Davi Ribeiro da Silva, Th.B, mpr.

Pastor da Igreja Batista Maná (Sede) -Piauí

prdavi.pi@hotmail.com